sábado, 3 de outubro de 2015

Quando eu aprendi que não era branca


Eu sou brasileira e este fato faz de mim uma pessoa multirracial, todos no Brasil provém de mistura étnica e, como todos no Brasil, eu sou classificada  conforme a cor da minha pele. O que nos define então é o grau de pigmentação que temos no corpo. Quando morava no Brasil, sempre achava absurdo ter que assinalar em formulários qual seria a classificação mais condizente ao meu tom de pele.

Segundo a classificação de Fritzpatrick, a classificação mais famosa criada em 1976 pelo dermatologista Thomas B. Fritzpatrick (veja aqui), existem seis classificações oficiais de tonalidades de pele, mas em 2012 a fotógrafa brasileira Angélica Dass fez um inventário de tons de pele com cerca de 200 fotos de pessoas com tonalidades de pele diferentes. (veja aqui).

Esta grande variação dificulta a classificação, que além de desnecessária ainda serve para nutrir o preconceito. Na realidade dentro da cabeça de muitos no Brasil, as pessoas se dividem em negros, brancos e pardos, conforme o tom da pele, o que além de ser uma definição baseada puramente na aparência física, ainda vem carregada de muitos estereótipos e preconceitos já que, o que define a raça e a identidade de uma pessoa não é o seu tom de pele, mas sim sua própria reflexão de valores e cultura.

Eu posso dizer que sou uma morena com falta ligeira de pigmentação. E, piadas a parte, no Brasil sempre ganho a classificação de “branca caucasiana”. 
Na minha infância sempre fui chamada pelo meu pai de “minha preta”. Era um apelido carinhoso que dentro do meu microcosmo familiar fazia sentido, já que meu irmão conseguia a proeza de ter menos pigmento do que eu. Por ter cabelos muito escuro sempre continuei a me classificar como morena, mas toda a sociedade mudou isto para "branco caucasiano", o que sempre me dava a impressão de eu ser parecida com aquelas estátuas grega brancas sem vida.

Então eu saí mais uma vez do microcosmo chamado Brasil, moro há cinco anos em Berlim na Alemanha e foi em uma conversa de bar que tive que mudar minha classificação novamente. Como era de costume no Brasil, continuei a marcar um “xizinho” no item “branco caucasiano” sem nem mais refletir, então neste dia ouvi a seguinte frase: “Então no Brasil você é considerada branca?”. 

Pois é aqui eu sou latina, e latina não é branca.

Sim povo brasileiro que dá tanta importância a sua pele caucasiana, no resto do mundo você é só um latino.

Eu realmente achei engraçado, mas para ser sincera, foi um alívio pra mim perceber que sim, toda esta história de classificação não é nada mais do que uma piada de muito mal gosto. 
Sim nós somos humanos e como todos nascemos, devidos a cálculos genéticos, com mais ou menos pigmento de cor e é só isto.


E quem acha que isso significa algo mais, deveria estudar um pouco mais de genética e história  e  dar uma voltinha pelo mundo para ver se desatrofia o cérebro.

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