Hoje em dia o Brasil é visto com outros olhos pelo mundo. Depois ascensão e queda de nossa econômica, do sucesso da copa e dos protestos políticos mostrados no jornal, em que ninguém realmente entendeu o motivo. (Mas foi por 20 centavos? perguntavam). Depois de todo o espaço que nós ganhamos na mídia, nós, brasileiros expatriados, começamos a ser vistos de outra forma. Só que não!
Eu moro a cinco anos em Berlim, uma cidade multicultural, onde as pessoas passam despercebidas o tempo todo. Até se você for brasileiro. Só que não!
Por isto acho importante contar alguma crônicas que não podem passar despercebidas e como eu sei que tem muita coisa passada e também muita coisa a acontecer, integrei uma contagem no título.
Apesar de tudo que foi mencionado no primeiro parágrafo, ainda tem um monte de gente idealizando nossa pátria amada, Brasil. E por mais que as pessoas tentem, eu sei que, quando digo "Eu sou do Brasil", a imagem que vem a cabeça delas é a seguinte:
Isso quando não vem acompanhada da conclusão "Ahhhhh, brasileira" em tom festivo com os dedinhos para cima em uma dancinha ridícula, que parece o movimento que sua mãe fazia dançando as marchinhas carnavalescas.
Bom se parasse por aí estaria bom. Mas as vezes piora, e muito.
Eu trabalho em uma bar Húngaro para ajudar a financiar a vida, até o término do meu doutorado, como praticamente todos estrangeiros expatriados até que encontrem, com sorte, algo apropriado em sua área para iniciar sua almejada vida profissional. Este bar tem, já a alguns meses, um novo contador.
Eu já havia percebido que ele olhava para mim de forma esquisita, mas pelo fato de ele ser alemão já estou acostumada, e nem dei muita importância. Até duas semanas atrás quando, sentado no balcão e frente a mim, fixou seu olhar psicopata na minha pessoa. Um olhar mais ou menos assim:
Eu tentei ignorá-lo tentando continuar meu trabalho, mas depois de uns dois minutos foi impossível e eu finalmente pergunte: "Que foi?" E a resposta veio de imediato. "Nada, eu só acho fascinante o fato de você ser brasileira!" Pois é, "faszinierend" está foi a palavra que ele usou.
E aquele segundo inundou-me parecendo uma eternidade. Eu não conseguia acreditar que ele havia falado isso. Minha resposta, por que eu tenho essa necessidade irritante de sempre responder, quando deveria ficar calada, foi: "Pois não acho que tenha algo de fascinante no fato de eu ser brasileira, já que existem mais alguns milhões de mulheres que, assim como eu, também são brasileiras." Neste momento ele enrubesceu e disse: "É verdade!" sumindo o mais rápido possível dentro da área de fumantes.
Naquele momento eu só conseguia pensar que, durante aqueles minutos em que ele me encarava, vinha a sua cabeça a minha imagem de biquini e penas na cabeça sambando em cima do balcão.
Eu entendo que algumas nacionalidades, quando vistas pela primeira vez, pode despertar curiosidade. Comigo acontece sempre quando conheço alguém que vem de uma lugar tipo Letônia, mas ficar encarando como se estivesse em um zoológico ou em um "Freak show" é algo diferente. Isso me incomoda e muito!
E só para provar que não é exagero. Eu contei o fato ao meu Chefe, dizendo que me incomodou e que eu o achava um pouco esquisito. E ele me respondeu: "Ele é esquisito mesmo. Semana passada ele me disse que gostava de trabalhar comigo, porque eu sou uma pessoa muito legal e organizada, apesar de eu ser Húngaro!!!"
Ser brasileira é uma fato, é algo que eu sou e compartilho com outros 204 milhões de pessoas. Não há problema nisto. O problema é ainda existir pessoas no mundo que se apeguem a clichês ligados a nacionalidade e etnia das pessoas, principalmente porque, baseado nos dados estatísticos empíricos da minha própria cabeça, é quase impossível alguém nunca ter visto ou conhecido um brasileiro neste mundo. Tipo todo mundo que eu conheço sempre conheceu um brasileiro e ainda quer tentar descobrir se eu o conheço também. Bom mas está é uma outra história.
Nenhum comentário:
Postar um comentário