terça-feira, 22 de setembro de 2015

"A Filha da Índia" os refugiados e a cultura do estupro.

Abstrata  Sexy Lady pintura a óleo. 

A semana mal começou e eu já me deparei aleatoriamente com três reportagens que reportam ou discutem o tema estupro.
A diretora e cineasta sul-africana Leslee Udwin, que também foi estuprada aos 18 e na época calou-se por vergonha e culpa, motivada pela trágica história de Jyoti Singh (23 anos), que, de ao voltar do cinema com um amigo por volta das 20h30 em Nova Déli, foi violentamente estuprada por seis homens em um ônibus e faleceu.
Leslee Udwin iniciou seu projeto, um documentário onde entrevistaria os agressores sexuais. O resultado de sua documentação gerou uma tese estarrecedora. Os agressores não eram monstros ou psicopatas, eles eram apenas homens. “Homens normais”. Em grande maioria, eles nem sentem remorso pelo que fizeram. Segundo Leslee, esta é a programação que o homem recebe durante toda sua vida.

Se a figura da mulher é desvalorizada como ser humano, se é aprendido que elas não tem nenhum valor ou um valor menor comparado ao homem, o que se espera? (veja matéria completa aqui)

A segunda reportagem retrata uma epidemia de estupros nos abrigos onde os refugiados, em grande maioria homens mulçumanos, são obrigados a viverem em dormitórios mistos. Não apenas os casos de estupros, que incluem até uma garota de 13 anos, estão vindo á tona, apesar do esforço da polícia de silenciar a mídia, mas também o de prostituição das mulheres refugiadas dentro dos próprios abrigos. (Veja matéria completa aqui)

A relação que podemos traçar entre os dois fatos pode ser ligada pela tese de Leslee, ambas as culturas envolvidas veem as mulheres como inferiores, mas será que só dentro destas culturas as mulheres são vistas como inferiores. Claro que não. E isto se retrata pela terceira notícia lida. Ocorrido em uma cidade perto de Macapá, no Brasil, uma mulher de 30 anos foi agredida por três homens que moravam perto de sua casa e a conheciam, eles aproveitaram uma queda de energia para invadirem sua casa munidos de um fação, como a vítima tentou reagir teve seu cabelo cortado e sua mão mutilada, pelos agressores. (veja notícia aqui)

O fato de ela ser mulher e morar sozinha foi o suficiente para que os agressores se sentissem motivados a entrar em sua casa e a praticar está atrocidade, assim como o fato de estar  em um ônibus as 20h30 da noite ou de, como refugiada, não ter lugar onde dormir separada dos homens.
Pode-se dizer que a culpa é da política de acolhimento de refugiados que não leva em consideração a diferença religiosa e cultural dos asilados; ou da segurança publica que não faz seu papel protegendo seus cidadãos .

Mas eu digo o problema é mundial, uma questão de cultura, “Cultura do Estupro”. Tudo é motivo, tudo é usado como desculpa para se agredir sexualmente uma mulher. Estava sozinha, estava com roupa provocante, não se deu o valor, estava de burca porque é a representação do pecado, as mulheres são inferiores, estão no mundo para servir o homem, para parir o homem, para alimentar o homem...

Mulheres ganham menos, mulheres não são escolhidas para a vaga de emprego porque estão em idade de ter filhos, mulheres são o número menor dentro dos cargos nas universidades, dentro do congresso. Um Político é ladrão tudo bem uma política fez algo que desagrada e recebe um colante com as pernas abertas. Meninos são criados para “passar o rodo” enquanto as meninas aprendem que só serão respeitadas se “segurarem a periquita”.


Em um mundo onde a educação, seja ela religiosa ou apenas institucional, coloca as mulheres como seres inferiores, as mulheres vão continuar a serem tratadas como objetos e objetos não sentem, não precisam de piedade, podem ser estupradas.

Berlim, 22 de setembro de 2015.

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