segunda-feira, 17 de junho de 2013

O Policial na cabeça

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Hoje ao voltar para casa no metrô, sentei-me ao lado de uma garota muçulmana muito jovem, deveria ter no máximo 22 anos. Ela olhava fotos em seu celular, fotos dela com um bebê recém-nascido no colo. Ela desligou e celular e arrumou seu véu para não deixar seu queixo a mostra.  Tinha um sorriso doce e um olhar triste. Então lembrei-me de Boal, do teatro do oprimido e da “polícia dentro da cabeça”.

Lembrei-me que a maior prisão do ser humano é aquela que lhe é embutida na cabeça, ela é invisível, não a vemos, mas dificilmente conseguimos nos livrar dela. É muito fácil perceber essa prisão em casos extremos como a educação religiosa ortodoxa, sendo ela qual for, mas a maior hipocrisia encontrada é a que existe em pessoas como eu, pessoas que se sentem livre e se espantam e se comovem com cenas como a que  vi hoje. Eu comecei a pensar, refletir quais eram as minhas prisões, sim todos nós temos, até você!

Pensei em tudo o que quero, penso e faço. Tentei dividir e achar o que é realmente meu e o que é, por causa do meio e então me perdi. Perdi-me na tentativa de achar o que era meu. Tudo era apenas um reflexo do que eu aprendi que é importante e o que faço é para preencher essa expectativa, ou simplesmente para quebra-la, mas mesmo seguindo o impulso da subversão ainda assim ajo em função de algo.

Fiquei triste e com um olhar triste e um sorriso doce compreendi que o que me chamou a atenção nessa moça é o fato de estarmos juntas.

Berlim, 17 de Junho de 2013.

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