Hoje ao
voltar para casa no metrô, sentei-me ao lado de uma garota muçulmana muito
jovem, deveria ter no máximo 22 anos. Ela olhava fotos em seu celular, fotos
dela com um bebê recém-nascido no colo. Ela desligou e celular e arrumou seu
véu para não deixar seu queixo a mostra.
Tinha um sorriso doce e um olhar triste. Então lembrei-me de Boal, do
teatro do oprimido e da “polícia dentro da cabeça”.
Lembrei-me
que a maior prisão do ser humano é aquela que lhe é embutida na cabeça, ela é
invisível, não a vemos, mas dificilmente conseguimos nos livrar dela. É muito
fácil perceber essa prisão em casos extremos como a educação religiosa
ortodoxa, sendo ela qual for, mas a maior hipocrisia encontrada é a que existe
em pessoas como eu, pessoas que se sentem livre e se espantam e se comovem com cenas como a que vi hoje. Eu comecei a
pensar, refletir quais eram as minhas prisões, sim todos nós temos, até você!
Pensei em
tudo o que quero, penso e faço. Tentei dividir e achar o que é realmente meu e
o que é, por causa do meio e então me perdi. Perdi-me na tentativa de achar o
que era meu. Tudo era apenas um reflexo do que eu aprendi que é importante e o que faço
é para preencher essa expectativa, ou simplesmente para quebra-la, mas mesmo
seguindo o impulso da subversão ainda assim ajo em função de algo.
Fiquei
triste e com um olhar triste e um sorriso doce compreendi que o que me chamou a
atenção nessa moça é o fato de estarmos juntas.
Berlim, 17
de Junho de 2013.
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