Capa de Sonhos de Robô de Isaac Asimov |
Restaurante lotado, ótima comida. O chef hoje foi programado no modo “comida tailandesa do século XXI” e o restaurante sempre
lota nesses dias, o gostinho exótico do passado ainda consegue despertar pelo
menos o prazer degustativo nas pessoas, o que acontecia apenas de
um lado das mesas o outro “pretendia” estar aproveitando a noite com um sorriso
plástico.
Vanessa olha pra ele: “O que eu estou fazendo aqui” - pensa. Levanta a
mão em um gesto rápido mas gracioso e faz sinal para o garçom: “A conta” seus
lábios sussurram. Os olhos dele brilham ao olhar pra ela e sua careca branca
começa a suar.
_ Na sua casa ou na minha? – entoa com a voz empostada tentando fazer-se atrativo, mas sem êxito.
“Ele ainda não entendeu!” leva a mão a testa e respira fundo. – Nem um e
nem outro, você acaba de me dizer que só está aqui porque sua robô
“parceira-perfeita” está na manutenção e por isso resolveu utilizar o antiquado
método do site de relacionamentos só para humano, para encontrar alguém porque precisava "dar uma aliviada" até
ela ser reparada. E você ainda espera que eu vá com você pra sua casa?
_ Mas se não era pra sexo o que está fazendo aqui?
_ Talvez eu quisesse conhecê-lo, conversar sobre a vida, quisesse
conhecer alguém que me inspire. - Seu discurso parecia deixá-lo confuso.
_ Mas para isso foram criadas as salas de “bate papo” com temáticas
específicas!
_ Conversar através de uma tela com pessoas que não conheço pessoalmente
e sem contato visu... - para e respira fundo “não vou começar novamente a
mesma discussão”. Levanta irritada e pega o casaco. – Você paga a conta, já
deve estar acostumado, robôs não têm dinheiro.
Sai com passos apressados.
Ela entra pela porta segurando os sapatos na mão, sua feição deixa
transparecer toda a frustação de mais uma tentativa em vão. Joga os sapatos
para um lado, a bolsa para o outro. Caminha até a geladeira pega um pote de
sorvete de creme e frutas vermelhas. Volta para sala e se joga no sofá,
deixando suas pernas cruzarem no ar. Começa a comer o sorvete quando
percebe que a tela de seu comunicador virtual está piscando. “Com certeza é Vitória querendo saber como foi o encontro. Como se já
não soubesse a resposta, só está querendo aproveitar o momento pra jogar na minha cara que o jeito "só humano" é antiquado e que é um erro meu insistir.” Pega o tablete que se encontra a sua
frente sobre a mesa de centro, a parede em frente ao sofá transforma-se e um
tela com projeções holográficas em 3D.
Primeiro recado: 07:45 - Olá Vanessa, ainda não voltou?
Segundo recado: 08:17 - Hum tá demorando, deve estar bom então?
Terceiro recado: 09:02 - Me ligue quando chegar, estou curiosa...
Ela olha no
relógio 09:12...
Berlim, 28 de dezembro de 2012.
Berlim, 28 de dezembro de 2012.
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