sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Nova campanha feminista da Barbie e o que realmente importa

A Matel vem revolucionando e agradando muito com a criação das novas bonecas da linha Barbie com 8 diferentes tonalidades, representando diversas etnias. A nova geração de bonecas tem traços diferentes nos rostos e tipos de cabelo também. Isto representa um grande avanço na representatividade étnicas e na reafirmação da beleza plural, fugindo desta ditadura euro-centrista que nos perseguem a décadas e não é mais atual até mesmo na Europa.


Mas obviamente apostar na aparência das bonecas, não é mais suficiente, a pluralidade é mais do que isto, logo Matel iniciou uma campanha chamada “Imagine as possibilidades” onde mostra garotinhas sendo veterinária, professora universitária, executiva  e até treinadoras de time de futebol. Que é, por sinal, um comercial muito fofo.


A campanha me fez lembrar muito de como eu brincava quando criança e sim, eu brincava de Barbie, na verdade era minha boneca preferida, não por que era loira e tinha um monte de sapatos (ela tinha um monte de sapatos), mas porque, diferente dos "bebês" que eu  considerava chatos porque só me deixava brincar de mamãe, ela, a Barbie, dava-me a oportunidade de inventar milhões de histórias e também de reproduzir as que eu lia nos livros. Bom acho que esta foi a diferença aliás, os Livros.


Eu acho que aí chegamos a um ponto crucial.
O que sempre me fez sonhar durante a brincadeira não foi a boneca em si, a minha formação como pessoa foi muito mais incentivada por outros impulsos que recebi durante a minha criação. Minha mãe, apesar de ser dona de casa e não ter muito estudo, sempre ensinou-me que eu poderia ser o que quisesse. Ensinou-me a ler quando eu tinha apenas 5 anos. Ia comigo à biblioteca uma vez por semana para retirar livros e claro, fez um esforço danado para comprar uma Barbie, porque na época era uma boneca bem cara para nossas condições financeiras.

Ou seja, ensinar a sonhar e a enxergar as possibilidades é algo importante, a Matel está certíssima e de parabéns em seu novo posicionamento para vender mais bonecas. Mas nós realmente precisamos delegar a educação de nossas meninas a um comercial?

Sejamos nós a mudança de nossas crianças. :-)

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Sobre Star Wars e as reações racistas/chauvinistas.

Desde o primeiro teaser  do novo filme da saga Star Wars eu já sabia que iria ter polêmica, eu estava só esperando quando iria começar. E como eu sabia?

Bom, a regra da indústria cinematográfica, principalmente nos grandes blockbusters, é clara. Negros só como o melhor amigo do herói branco e mulher só como a garota gostosa indefesa para ser salva. Pois é, o filme nem estreou e já começou.

Pelo que o trailer nos deixou entender, a personagem principal, aquela responsável pelo despertar da força e o retorno definitivo dos Jedi,  será uma mulher. O filme também terá um personagem masculino de destaque, que a ajudará, mas pera aí! Ele é negro!!!!!




Como assim????



Um dos filmes mais esperados das últimas 3 décadas tem como protagonistas uma mulher e um negro!!!


Parece ridículo, mas este fato já começou a gerar polêmica. Há até uma teoria da conspiração  de um grupo de manifestantes que querem boicotar o filme alegando que ele está promovendo o “genocídio branco”. 


Oi?????










Sim nós temos outro personagem negro na saga, o Jedi Mace Windu, representado por Samuel L. Jackson. Há também mulheres de destaque, como a Princesa Lea e a Amidala. Mas até aí tudo bem. Mulheres e negros existem, isto é um fato, mas tirá-los da sombra do papel secundário onde deveriam estar, aí já é demais, né?

Assim como na vida real, o herói vencedor tem que ser homem, branco e heterossexual para ser aceito no mundo do Blockbuster. (Lembram do escândalo de “mimimi” machista por causa da Furiosa de Mad Max?).

Sabe de uma coisa. Eu acho é pouco. Se eu fizesse parte do estúdio que produz o filme, eu colocaria no próximo um casal Jedi gay (Sim eu sei que Jedis são celibatários. Fora o Anakin, é claro!!!). Mas é só para que todos os conservadores, racistas e sexistas tenham um “piripaque” e caiam durinhos.




kkkkk Pronto falei!!!! :-D


E sabe o que mais? Tô louca pra ver o filme!!!!!!!


segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Experiências de uma brasileira expatriada N.1

Hoje em dia o Brasil é visto com outros olhos pelo mundo. Depois ascensão e queda de nossa econômica, do sucesso da copa e dos protestos políticos mostrados no jornal, em que ninguém realmente entendeu o motivo. (Mas foi por 20 centavos? perguntavam). Depois de todo o espaço que nós ganhamos na mídia, nós, brasileiros expatriados, começamos a ser vistos de outra forma. Só que não!

Eu moro a cinco anos em Berlim, uma cidade multicultural, onde as pessoas passam despercebidas o tempo todo. Até se você for brasileiro. Só que não!

Por isto acho importante contar alguma crônicas que não podem passar despercebidas e como eu sei que tem muita coisa passada e também muita coisa a acontecer,  integrei uma contagem no título.

Apesar de tudo que foi mencionado no primeiro parágrafo,  ainda tem um monte de gente idealizando nossa pátria amada,  Brasil. E por mais que as pessoas tentem, eu sei que, quando digo "Eu sou do Brasil", a imagem que vem a cabeça  delas é a seguinte:
       

Isso quando não vem acompanhada da conclusão "Ahhhhh, brasileira" em tom festivo com os dedinhos para cima em uma dancinha ridícula, que parece o movimento que sua mãe fazia dançando as marchinhas carnavalescas.

Bom se parasse por aí estaria bom. Mas as vezes piora, e muito.

Eu trabalho em uma bar Húngaro para ajudar a financiar a vida, até o término do meu doutorado, como praticamente  todos estrangeiros expatriados até que encontrem, com sorte, algo apropriado em sua área para iniciar sua almejada vida profissional. Este bar tem, já a alguns meses, um novo contador.

Eu já havia percebido que ele olhava para mim de forma esquisita, mas pelo fato de ele ser alemão já estou acostumada, e nem dei muita importância. Até duas semanas atrás quando, sentado no balcão e frente a mim, fixou seu olhar psicopata na minha pessoa. Um olhar mais ou menos assim:









Eu tentei ignorá-lo tentando continuar meu trabalho, mas depois de uns dois minutos foi impossível e eu finalmente pergunte: "Que foi?" E a resposta veio de imediato. "Nada, eu só acho fascinante o fato de você ser brasileira!" Pois é, "faszinierend" está foi a palavra que ele usou. 

E aquele segundo inundou-me parecendo uma eternidade. Eu não conseguia acreditar que ele havia falado isso. Minha resposta, por que eu tenho essa necessidade irritante de sempre responder, quando deveria ficar calada, foi: "Pois não acho que tenha algo de fascinante no fato de eu ser brasileira, já que existem mais alguns milhões de mulheres que, assim como eu, também são brasileiras." Neste momento ele enrubesceu e disse: "É verdade!" sumindo o mais rápido possível dentro da área de fumantes. 


Naquele momento eu só conseguia pensar que, durante aqueles minutos em que ele me encarava, vinha a sua cabeça a minha imagem de biquini e penas na cabeça sambando em cima do balcão.

Eu entendo que algumas nacionalidades, quando vistas pela primeira vez, pode despertar curiosidade. Comigo acontece sempre quando conheço alguém que vem de uma lugar tipo Letônia, mas ficar encarando como se estivesse em um zoológico ou em um "Freak show" é algo diferente. Isso me incomoda e muito!

E só para provar que não é exagero. Eu contei o fato ao meu Chefe, dizendo que me incomodou e que eu o achava um pouco esquisito. E ele me respondeu: "Ele é esquisito mesmo. Semana passada ele me disse que gostava de trabalhar comigo, porque eu sou uma pessoa muito legal e organizada, apesar de eu ser Húngaro!!!"


Ser brasileira é uma fato, é algo que eu sou e compartilho com outros 204 milhões de pessoas. Não há problema nisto. O problema é ainda existir pessoas no mundo que se apeguem a clichês ligados a nacionalidade e etnia das pessoas, principalmente porque, baseado nos dados estatísticos empíricos da minha própria cabeça, é quase impossível alguém nunca ter visto ou conhecido um brasileiro neste mundo. Tipo todo mundo que eu conheço sempre conheceu um brasileiro e ainda quer tentar descobrir se eu o conheço também. Bom mas está é uma outra história.



sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Como se mede o sucesso de uma mulher ou mulher solteira não pode ser feliz

As mulheres que chegaram aos trinta, passaram dos trintas ou até estão beirando os trinta e estão solteiras saberão bem sobre o que eu estou falando. Quantas vezes por semana ou por dia não ouvimos perguntas, frases ou insinuações como: “E o namorado, já arrumou um?”; “Mas uma garota tão bonita, porque está sozinha?”; “Olha o relógio biológico. Você não tem mais vinte!”; e ainda pior quando falam sem estarmos presente (eu sei, minha mãe me conta!!!!): “Coitadinha da Priscilla, tão bonita, esforçada, inteligente, mas não consegue arranjar namorado!”; “Tadinha, não tem sorte!”


Agora peraí!!!! Coitadinha, tadinha meu cú uma ova. Por que o sucesso e êxito de uma mulher tem que ser avaliado pelo fato de ela ter ou não um pênis homem ao seu lado. Eu estudei em uma das melhores universidades do país, fiz mestrado na melhor universidade (só tô usando o Ranking oficial), agora escrevo meu doutorado na Alemanha. Já visitei 13 países diferente, trabalho, estudo, pago todas minhas contas sozinhas. Moro em um aconchegante apartamento no centro de Berlim, tenho muitos amigos, dois blogs e comecei a escrever um livro. Logo, eu me recuso a acreditar que, depois de tudo isto, as pessoas se limitem a julgar meu sucesso pelo fato de eu ter ou não um marido/namorado.

Segundo: “não tem sorte”!!!!! E por acaso arrumar namorado é como ganhar na loteria? (Bom se for eu prefiro realmente ganhar na loteria ;-P) Ter ou estar em um relacionamento, não tem que ser uma necessidade, mas sim uma escolha, uma vontade. Uma mulher pode ter milhões de motivos para querer um relacionamento, mas nenhum deve ser “porque você é uma mulher” ou “porque uma mulher não pode ser feliz sozinha”.

Pois é, esta é a questão. Uma mulher pode ser feliz sozinha, isto não é sinal de fracasso. (Só de escrever isto já me dá vontade de rir: “sinal de fracasso”!) Sim eu estou muito bem obrigada. Minha vida é ótima, hoje a noite eu não vou me entupir de sorvete sozinha em casa ouvindo músicas de “dor de corno”. Eu vou ao teatro com amigas e depois vou tomar umas cervejas. Vou rir, me divertir...

Não digo que eu nunca vou querer me envolver com alguém, mas, como eu amo a minha,  não quero ser a mãe de ninguém e nem procuro um pai. Se aparecer alguém que eu goste, que goste de mim e que queira compartilhar sua vida comigo, tudo bem. Mas se não for para partilhar de forma igualitária. Ótimo, eu tenho mais coisas a fazer.

E por favor, papo trash número dois: Não me venha com está história de filhos. Primeiro: uma mulher não precisa de marido para ter filhos; Segundo: uma mulher não necessariamente precisa querer ter filhos; e terceiro, quanto à idade: uma mulher não precisa sequer parir para ser mãe!!!!!

Portanto: Sim eu estou bem e feliz. Não eu não estou desesperada procurando alguém pra me completar. Eu já nasci completa. Sim eu sou uma mulher de sucesso, mesmo “solteira” e aliás porque vocês não vão “catar coquinho na ladeira”?

P.S.: Desculpa se pareci irritada, mas eu estou irritada J

sábado, 3 de outubro de 2015

Quando eu aprendi que não era branca


Eu sou brasileira e este fato faz de mim uma pessoa multirracial, todos no Brasil provém de mistura étnica e, como todos no Brasil, eu sou classificada  conforme a cor da minha pele. O que nos define então é o grau de pigmentação que temos no corpo. Quando morava no Brasil, sempre achava absurdo ter que assinalar em formulários qual seria a classificação mais condizente ao meu tom de pele.

Segundo a classificação de Fritzpatrick, a classificação mais famosa criada em 1976 pelo dermatologista Thomas B. Fritzpatrick (veja aqui), existem seis classificações oficiais de tonalidades de pele, mas em 2012 a fotógrafa brasileira Angélica Dass fez um inventário de tons de pele com cerca de 200 fotos de pessoas com tonalidades de pele diferentes. (veja aqui).

Esta grande variação dificulta a classificação, que além de desnecessária ainda serve para nutrir o preconceito. Na realidade dentro da cabeça de muitos no Brasil, as pessoas se dividem em negros, brancos e pardos, conforme o tom da pele, o que além de ser uma definição baseada puramente na aparência física, ainda vem carregada de muitos estereótipos e preconceitos já que, o que define a raça e a identidade de uma pessoa não é o seu tom de pele, mas sim sua própria reflexão de valores e cultura.

Eu posso dizer que sou uma morena com falta ligeira de pigmentação. E, piadas a parte, no Brasil sempre ganho a classificação de “branca caucasiana”. 
Na minha infância sempre fui chamada pelo meu pai de “minha preta”. Era um apelido carinhoso que dentro do meu microcosmo familiar fazia sentido, já que meu irmão conseguia a proeza de ter menos pigmento do que eu. Por ter cabelos muito escuro sempre continuei a me classificar como morena, mas toda a sociedade mudou isto para "branco caucasiano", o que sempre me dava a impressão de eu ser parecida com aquelas estátuas grega brancas sem vida.

Então eu saí mais uma vez do microcosmo chamado Brasil, moro há cinco anos em Berlim na Alemanha e foi em uma conversa de bar que tive que mudar minha classificação novamente. Como era de costume no Brasil, continuei a marcar um “xizinho” no item “branco caucasiano” sem nem mais refletir, então neste dia ouvi a seguinte frase: “Então no Brasil você é considerada branca?”. 

Pois é aqui eu sou latina, e latina não é branca.

Sim povo brasileiro que dá tanta importância a sua pele caucasiana, no resto do mundo você é só um latino.

Eu realmente achei engraçado, mas para ser sincera, foi um alívio pra mim perceber que sim, toda esta história de classificação não é nada mais do que uma piada de muito mal gosto. 
Sim nós somos humanos e como todos nascemos, devidos a cálculos genéticos, com mais ou menos pigmento de cor e é só isto.


E quem acha que isso significa algo mais, deveria estudar um pouco mais de genética e história  e  dar uma voltinha pelo mundo para ver se desatrofia o cérebro.